Quando me lancei ao MySelfMyWorld’13 – MMW’13, um projecto para dinamizar um campo de férias para alunos do secundário turcos, não fazia ideia do que me esperava. Nunca tinha estado na Turquia, pouco ou nada sabia sobre Antália e não conhecia ninguém que ia participar no projecto. Mas o que acabou por tornar estas 6 semanas tão especiais foram as pessoas que conheci (e a paisagem também ajudou bastante).
O que mais me marcou foi a quantidade de coisas que podemos aprender e perceber só ao falar com pessoas que são de países diferentes. Foi um reality check que acho que muitas pessoas nunca chegam a ter. No fim das 6 semanas ficou o sentimento de que alguma coisa mudou. Lembro-me que quando voltei a Lisboa, vi esta frase algures e pensei que retratava tudo o que sentia: “It’s a funny thing coming home. Nothing changes. Everything looks the same, feels the same, even smells the same. You realize what’s changed is you”.
Para além dos momentos wtf e o choque cultural, dos quais já falei, estas são as melhores memórias que guardo daquelas 6 semanas:
Antália: o mar, a praia e as montanhas. Depois de algumas semanas já conhecíamos Antália como a palma das nossas mãos. No início não esperava muito desta cidade costeira uma vez que parece Monte Gordo, mas em grande escala. Contudo, acho que para este tipo de voluntariado não podia haver sítio mais perfeito. Todos os dias, depois das aulas, caminhávamos 20/25 minutos até à praia. O sol já se estava a pôr, as montanhas que rodeiam a cidade começavam a adquirir um tom azulado por trás de uma névoa que se instalava todos os dias e a águas era um caldinho morno sem ondas. Paraíso, certo?
Acampamento na Praia: Qualquer grupo de jovens que se preze organiza um acampamento na praia quando a tem por perto. Foi uma noite passada a jogar jogos parvos, a convencer a Maria (do Paquistão) que era ilegal fazermos uma fogueira na praia e, no fim, a dormirmos todos uns em cima dos outros por causa do frio. O mais genial foi que depois de algum tempo “acampado” um grupo de cães vadios (existem muitos na Turquia) fez um círculo à nossa volta como se nos quisesse proteger. E lá ficaram até de manhã. O nascer do sol e o silêncio da praia às 7 da manhã foram definitivamente o ponto alto.
A equipa: 11 pessoas, 9 países, 3 continentes. Tunísia, Ucrânia, Singapura, Paquistão, Hungria, Roménia, Egipto, Eslováquia e claro Portugal. Estávamos juntos quase 24 horas por dia, as conversas foram infinitas, os risos, o planeamento das aulas, os desafios a superar, os banhos na praia e, no fim, as lágrimas foram quase infinitas. Foram estas pessoas que muitas vezes me surpreenderam com as suas visões do mundo. Acho que uma conversa que nunca vou esquecer foi quando a Maria ficou completamente chocada quando eu lhe disse que não queria viver com a minha família para sempre e queria ser independente. No Paquistão, as famílias vivem ou todas na mesma casa ou no mesmo bairro. Também fiquei e boca aberta ao perceber o quão importante a religião era para o Ahmed, do Egipto – nunca tinha bebido álcool, beijado uma rapariga e cumpriu o Ramadão durante um mês, sem falhar.
Mas na verdade nada disto interessava muito. Acho que o facto de sermos todos muito diferentes fez com que o grupo fosse muito unido e que todos nos aceitássemos mutuamente. Afinal, estávamos ali todos com o mesmo objectivo: ter uma experiência incrível. E não é que tivemos mesmo?! 🙂
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