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Japão

Workaway: o que é, como utilizar e a minha experiência num resort japonês

Foi há dois ou três anos que ouvi falar de Workaway, Helpx ou Woofing pela primeira vez. Encontrei estas plataformas através de um daqueles típicos artigos “como viajar sem gastar dinheiro”. Contínuo a achar que isso é um mito, mas a verdade é que através destes sites podes reduzir muito os teus custos. O conceito é simples: alojamento e comida em troca de 4/5 horas de trabalho diárias (normalmente com direito a um ou dois dias livres por semana).

Sempre tive curiosidade em experimentar, mas ainda não tinha tido a oportunidade de o fazer. Até agora. Quando decidi espontaneamente incluir o Japão no meu itinerário sabia que muito provavelmente não teria capacidade financeira para aguentar um mês inteiro a viajar neste país. E, também, depois de 4 meses a mudar de sítio a cada dois ou três dias, estava a precisar de assentar um bocadinho, ler, planear os dois últimos meses e relaxar. Por isso, achei que estavam reunidas as circunstâncias ideais para o meu primeiro Workaway. Escolhi esta plataforma simplesmente porque gosto mais do site do que do HelpX.

Muito sinceramente acho que tive imensa sorte. Primeiro, foi super fácil arranjar um sítio. O primeiro Workaway a quem escrevi respondeu-me afirmativamente um dia depois. Segundo, fui parar a um lugar cheio de pessoas espectaculares e onde a carga laboral não passava das 4 horas diárias.

Acabei por trabalhar durante 10 dias (dois de folga) num Resort em Furusato, Kuma Kogen, no Japão. Um sítio que eu jamais imaginaria visitar – no meio das montanhas e floresta – a fazer coisas que jamais imaginei fazer: cortar relva, limpar casas de banho, preparar quartos para clientes, mudar a água dos patos… No geral adorei a experiência, principalmente porque a nossa pequena família de voluntários era fantástica e consegui fazer tudo o que tinha planeado, incluindo dormir sestas.

Agora, quanto à parte mais técnica da coisa:

O que é?

O Workaway é uma plataforma online que reúne milhares de oportunidades de trabalho a troco de alojamento e comida. As ofertas estão divididas através de continentes, países e palavras chave: que podem ser cidades ou skills. Podes ainda filtrar a tua pesquisa e procurar só Workaways com reviews (que é o que eu faço).

Em cada perfil vais encontrar uma descrição do local, o tipo de tarefas que podes fazer, quantas horas de trabalho diário são esperadas, o que vais receber em troca (condições de alojamento, refeições, wifi, etc), quantos dias de folga, duração mínima da estadia, fotografias e reviews.

Tanto no Workaway como no HelpX podes pesquisar oportunidades antes de te registares. À semelhança de outras plataformas deste género, tens de criar um perfil no site. Este perfil inclui uma descrição, fotografia, datas em que estás disponível para trabalhar e uma lista das tuas skills. Exemplo: ensinar inglês, carpintaria, marketing… É este perfil que vai ser apresentado ao teu “empregador” quando o contactares, por isso perde algum tempo com ele.

Para poderes efectivamente contactar as pessoas que publicam as oportunidades e ficar registado/a no site tens que pagar 29 dólares. Também existe uma opção para casais ou amigos que custa 38 dólares. Estes 29 dólares duram um ano e durante esse período podes candidatar-te a todas as posições que quiseres.

Conselhos de utilizador: quando falares com o empregador esclarece sempre bem o que vais fazer, quantas serão as horas de trabalho, se há outros workawayers (se isto for importante para ti) e tudo e mais alguma coisa que precises de saber. No meu caso, fui um bocado à confiança por causa da quantidade de reviews positivas que o meu sítio tinha.

E a verdade é que correu lindamente, mas não fiz nada do que era suposto fazer. Inicialmente tinha-lhes escrito com o intuito de trabalhar em marketing digital… para mim não algo que me chateasse muito, principalmente porque foram só 10 dias, mas se fossem 2 meses a história era um bocadinho diferente.

Por fim, nem tudo é um mar de rosas. Tal como existem lugares maravilhosos onde te vais sentir em casa, também existe por aí muita gente que se dedica a tentar explorar viajantes. Conheci um casal que foi parar a um sítio onde queriam que eles trabalhassem 8 horas. Ficaram um dia.

Pessoalmente, fiquei fã e espero no futuro poder voltar a fazê-lo. Se estiveres na expectativa de conhecer os arredores, aconselho um sítio que não fique no meio do nada como o meu. Torna um bocado impossível a ideia de viajar.

A nível de redução de custos, é definitivamente uma estratégia bastante eficaz. Apesar de ter gasto obviamente o dinheiro do transporte, consegui sobreviver 10 dias com uns 40€, que foram basicamente gastos com comida para dois jantares especiais, um almoço de sushi (o primeiro da minha vida) e fruta e iogurtes (bens de luxo no Japão).

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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