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Itália

Trento, Bolzano e Bressanone: Uma Itália natalícia

Sendo Portuguesa só fui apresentada ao fenómeno dos mercados de Natal quando fiz Erasmus em Paris. Em Lisboa pouco se justifica ter barraquinhas a vender vinho quente em Dezembro quando ainda estão quase 20 graus e pinheiros verdadeiros nunca fizeram parte da minha infância.

Por isso, foi um prazer e uma surpresa descobrir o quão importantes são os mercados de Natal no resto da Europa, onde se vive esta época de uma forma muito diferente da nossa. De todos os destinos europeus para ser ver mercados de Natal, Itália está longe de ser uma das escolhas mais comuns. Afinal, padece dos mesmos “problemas” de todos os outros países mediterrâneos.

Mas há uma zona de Itália, chamada Tirol do Sul, que é tão montanhosa e fria como uma Suíça ou Áustria e cujos mercados não ficam nada atrás dos dos países vizinhos. E já que estou a viver por aqui, decidi ir fazer a prova dos nove, mais a Joana (que também fez parte da minha aventura em Nova Iorque), e lá fomos as duas explorar esta Itália desconhecida.

1º Mercado: Trento

Mesmo depois de uma volta a meio mundo e de viajar fim-de-semana sim, fim-de-semana não às vezes ainda cometo erros de principiante. Não é que marquei um quarto para uma pessoa e não para duas?! Impecável! Resultado: Acabámos a fazer uma bela duma conchinha durante duas noites. Até ficámos mais quentinhas 😀

Como chegámos já de noite fomos directas para o mercado de Natal de Trento que estava a bombar! A zona de comes e bebes parecia-se com a de um festival e rapidamente elegemos a nossa barraquinha da noite com vinho quente (vin brulé) a 2€ e umas sandes de courgette e queijo preparadas com uma exímia dedicação e esforço por parte do cozinheiro.

À volta para a nossa conchinha ainda encontrámos um concerto gratuito no meio da rua e conseguimos ser umas autênticas groupies até ao fim. Entretanto estava na hora de dormir já que no dia seguinte tínhamos Bressanone e Bolzano na calha.

2º Mercado: Bressanone

Esta pequena vila mesmo na fronteira com a Áustria será talvez um dos lugares menos Italianos em Itália. O Alemão e o Italiano misturam-se e ainda há o Ladino, uma língua já quase extinta.

Foi numa manhã, com a neve ainda por derreter, que chegámos a Bressanone. É impossível ficar-se indiferente às montanhas gigantes que a rodeiam. Sem saber ainda muito bem o que visitar, encontrámos o Palácio Hofburg, Palácio dos Bispos. Para além de ter a maior colecção de presépios que já vi (também é provável que tenha sido a primeira), o palácio em si é bastante bonito com várias salas luxuosamente decoradas.

Depois fomos para o mercado de Natal que posso eleger como o mais fofinho da nossa viagem! Carrosséis, charretes, bolos em forno de lenha, decorações natalícias e tudo o que se pode querer no Natal estava lá. Desta vez provámos uma minestra de orzo (uma sopa que enche) acompanhada de pão e vinho quente. Estávamos feitas umas mulheres do campo!

Ainda tivemos tempo de ver a Catedral de Bressanone, toda decorada a ouro e mármore, e passear pelas ruas mais antigas com direito a casas coloridas, torres de relógio e fontes.

E estava na hora de apanhar o comboio para…

3º Mercado: Bolzano

Com os típicos atrasos dos comboios italianos, chegámos a Bolzano já quase sem luz do dia. Mesmo assim ainda conseguimos ver os Dolomites ao longe e claro, deliciarmo-nos com um Pretzel de speck (um género de presunto famoso na região) e queijo!

Fica o aviso: mercados de Natal e dieta não combinam!
Apesar de Bolzano ser maior e por isso ter mais mercados, vimos três no mínimo, achei que foram os menos característicos e interessantes. Mas como estávamos na zona e tínhamos que passar por lá de qualquer das formas não me arrependi nada desta paragem.

Última manhã em Trento

A meteorologia já andava a prometer neve há vários dias e finalmente concretizou a promessa. De manhã o frio fazia-se sentir ainda mais que nos outros dias e decidimos ir ver o Palácio Buonconsiglio que não nos aqueceu muito, já que é quase todo exterior, mas tem frescos góticos e renascentistas lindíssimos e pelos quais valeu a pena rapar um frio que nos deixou quase em hipotermia.

Para descongelar metemo-nos num restaurante, o Primavera, para um aperitivo de speck, presunto e mortadela e umas massas típica da região.

Quando estávamos para ir embora lá veio a prometida neve que instalou o caos em todo o Norte de Itália. A nossa viagem de regresso a Milão que deveria demorar duas/três horas demorou 6 com um condutor de Bla Bla Car que estava a ver um jogo de basquetebol no telemóvel ao mesmo tempo que conduzia na auto-estrada!

E lá chegámos sãs e salvas a Milão depois de termos comprovado que os mercados de Natal italianos podem ser tão bons, se não melhores, do que os dos países mais óbvios!

Dicas rápidas

Alojamento: Se estiveres a pensar visitar esta região na altura dos mercados, marca o alojamento com muita antecedência já que em altura de feriados (8 Dezembro) e mercados toda a gente de Itália vai para aqui.  Ficámos no New International Youth Hostel Giovane Europa (maior nome de sempre) e foi bastante razoável. O pequeno almoço não vale definitivamente a pena, tens montes de cafés como o Excelsior que são óptimos.

Transporte: A forma mais barata de chegar a Trento a partir de Milão é de Flixbus. Já entre cidades e vilas no Tirol podes contar com o comboio, mas compra com uns dias de antecedência porque as filas ao balcão fazem-se sentir.

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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