Às vezes, são fotografias que vejo em blogs e redes sociais que motivam as minhas viagens. Depois, tento arrastar uma ou duas pessoas para virem comigo e a coisa dá-se. E foi assim que começou mais uma escapadela em Munique e numas belas terras em seu redor.
Apanho o voo às 6 da tarde em Milão e às 8 da noite já estou em casa do Miguel, do Diogo e do Tiago, três engenheiros tugas a trabalhar em Munique. O plano é simples: alugámos um carro durante dois dias e num deles vamos ao Königssee e Eiskapelle (capela de gelo) e no seguinte vamos a Hallstaat. Sabíamos lá nós as poucas horas de sono que nos aguardavam durante este fim-de-semana a mil à hora!
Konigsee
À semelhança da Suíça, viajar na Alemanha no Inverno tem as suas vantagens e desvantagens. Se por um lado há pouca gente, por outro há muitas coisas que ainda estão fechadas. O Königssee, o lago mais puro da Alemanha, pode visitar-se durante o ano inteiro, sendo que as viagens de barco só não se realizam em caso de temporal. Já o Obersee, um lago adjacente a este só se pode visitar de Abril a Novembro. Fica para a próxima!
A viagem de carro de Munique até Königssee é linda. Montanhas, neve e mais montanhas. Afinal, estamos a dirigir-nos para os alpes.
Do parque de estacionamento até ao lago não são mais do que 5 minutos a pé e é impossível não ficarmos deslumbrados com as cores da água assim que nos começamos a aproximar. Mesmo de inverno, num dia não particularmente soalheiro, a água verde-esmeralda surpreende-nos.
Um bilhete de ida e volta custa 15€ e embarcamos imediatamente. A viagem demora cerca de 30 minutos, incluindo uma paragem para tocar o trompete e ouvir o eco, que responde em jeito de orquestra sinfónica, as notas tocadas pelo co-capitão.
No Inverno, a última paragem chama-se St. Bartolomeu, onde se encontra a icónica igreja de cúpulas redondas vermelhas. Ao sairmos do barco o Miguel perguntou, no seu já muito decente alemão, se o caminho até à Eiskapelle está aberto. O capitão responde afirmativamente, mas que há muita neve, e estava então na hora de começarmos a nossa caminhada.
Eiskapelle
Ora, como já é costume, eu estava preparada para alguma neve, mas não para muita neve! Habituada à vida citadina de Milão, botas de caminhada está quieto e só tinha umas botas relativamente quentes, mas nada impermeáveis para fazer a caminhada.
Mas como eles não me iam deixar desistir lá fui andando e consegui não deslizar montanha a baixo. O caminho em si não é muito difícil ou longo, simplesmente com neve é preciso ter cuidado.
Uma hora depois supostamente já devíamos estar a chegar à parte final, mas capela de gelo nem vê-la. Na verdade, só víamos neve, neve e mais neve. Um passo em falso no caminho e ficávamos com a perna enterrada até ao joelho.
Continuámos a andar, super confiantes que já não devíamos estar longe. Pelo caminho encontrámos um ou dois casais que também estavam a fazer a caminhada e que não nos disseram nada sobre estar fechado por isso “prá frente é que é o caminho”.
Mas passados 20 ou 30 minutos continuávamos a não ver nada para além de neve, o trilho já não era mais do que um conjunto de pegadas de uma ou duas pessoas sobre a neve até que eu disse “só podemos estar por cima da Eiskapelle”. Senhoras e senhores: estávamos em cima de uma espécie de glaciar sem termos dados por isso! Metem portugueses e espanhóis na neve e dá nisto…
Entretanto começamos a ouvir e ver pequenas avalanches e achávamos que estava em boa hora de nos pormos a andar! Como já estávamos habituados a andar na neve, o regresso fez-se muito mais rápido a correr, patinar, deslizar e até cair (no meu caso) na neve. Muito mais divertido! Já só parámos a meio caminho para comer qualquer coisa e celebrar o facto de ainda nos encontrarmos vivos e de boa saúde e voltámos para o lago.
Claro que as minhas meias estavam completamente encharcadas, tal como as botas que iam precisar de dois dias de aquecedor para voltar ao normal.
Apesar de não termos conseguido ver a Capela de Gelo e de termos que lá voltar, foi um dia espectacular com paisagens arrebatadoras e uma história para contar.
À noite ainda tivemos força para irmos a um festival de cerveja, Starkbierfest (festival da cerveja forte) que estava a acontecer em Munique. Enfiámos o nosso Dirndl e Lederhosen estávamos prontos para um litro de cerveja servido em canecas impossíveis de levantar! Em dois minutos fizemos uns amigos alemães que nos deixaram ficar na mesa deles e durante meia hora cantámos em plenos pulmões com eles. Um dos grandes defeitos dos alemães é acabarem tudo muito cedo! À meia-noite e meia já estávamos a regressar para casa. Nós e os nossos kebabs 😉
Dicas rápidas
Transporte: De Munique até ao Königssee podes ou alugar um carro como nós fizemos ou, se quiseres uma opção mais fácil, existem uma ligação directa Munique – Königssee pela Flixbus.
Verão: Parece que no verão estes lagos são muito famosos e concorridos, por isso aconselho-te a apanhares o primeiro barco para bater as multidões.
Barcos: Podes encontrar os horários e percursos dos barcos neste site.
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