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Irão

Shiraz: foi por isto que fui ao Irão

A hospitalidade Iraniana é lendária. Vem em qualquer guia de viagem sobre o Irão, existem milhares de posts sobre isso e é um dos tópicos de conversa mais comuns entre viajantes que se cruzam no país.

E por isso, uma das melhores coisas que podes fazer no Irão, é seres hospedado/a por uma família iraniana. E no Irão isso está à distância de uns cliques. Sou uma fã assumida do Couchsurfing e, apesar do couchsurfing ser ilegal no Irão (tudo é!), é utilizado por milhares de Iranianos que abrem a porta de suas casas a estrangeiros e os tratam como família a partir o momento em que passam a porta.

A minha família iraniana

Depois de ler atentamente vários perfis de hosts em Shiraz decidi contactar o Moji. Só lhe escrevi a ele porque tinha lido que as probabilidades de te aceitarem o pedido à primeira são grandes e assim foi. Passados dois ou três dias tinha uma reposta afirmativa. Íamos ficar em casa dele e da sua família.

No dia que chegámos à estação de autocarros de Shiraz – depois de uma longa viagem de 11 horas desde Teerão, que contou com filmes cómicos Iranianos, música iraniana a alto e bom som e bolos estilo dancake capazes de rebentar com os níveis de glicémia de qualquer um – o Moji veio ter connosco.

A primeira coisa que nos ensinou foi que em Shiraz tudo decorre nas calmas e sem preocupações. “Don’t worry be happy” é o seu lema. Gostei dele imediatamente.

Fomos deixar as malas a casa onde a mãe nos recebeu com um grande sorriso e um pequeno-almoço típico. No Irão come-se no chão, numa toalha em cima da carpete. O Moji foi um querido e deu-nos o quarto dele e dormiu na sala durante os dias em que lá estivemos.

A minha mãe adoptiva iraniana!

Turistando por Shiraz

A partir daí já não nos separámos mais! Tinha programado para nós uma tour completa pelos melhores monumentos de Shiraz. Começámos pelo Vakil Bazaar que estava a rebentar pelas costuras e aprendemos muito sobre o artesanato local (ele também é artista!). Depois, passámos pela Vakil Mosque (só pelo exterior), Karim Khan Citadel e Eram Garden.

Apesar do Irão ser basicamente um deserto gigante, os jardins iranianos estão extremamente bem cuidados e verdes. E Shiraz é particularmente famosa pela sua natureza. Os jardins são também um lugar onde os iranianos se encontram para conversar, fazer picnics e tirar muitas fotografias. Por isso, nós fizemos o mesmo!

Ainda tivemos energia para visitar o Shahcheragh Holy Shrine, a maior mesquita da cidade e uma das mais importantes do país. Nos Holy Shrines as mulheres têm que usar sempre um chador, basicamente têm que se embrulhar num lençol, e os turistas têm que ser acompanhados por um guia que lhes é adjudicado gratuitamente.

Eles não deixam entrar com máquinas fotográficas por isso só tenho estas fotos rascas

Introdução ao estilo embrulhado!

Apesar de o interior não ser acessível a não muçulmanos, dá para espreitar e é impressionante como brilha por causa do efeito dos espelhos. O último lugar que visitámos foi o palacete Shapouri Pavilion que fica lindo à noite!

Quando chegámos a casa tínhamos uma pratada de massa à nossa espera e estávamos prontos para ir dormir!

Mais uma pequena história que diz muito sobre o povo iraniano

A condução dos iranianos é tudo menos segura e as condições das estradas não ajudam muito à festa. Quando estávamos todos a dar um passeio perto de uma estrada ouve-se o barulho de um acidente e vimos que um carro tinha capotado para dentro da vala que existe entre a estrada e o passeio.

Do nada, cerca de 20 homens desataram a correr, passando pela estrada, parando o trânsito, prontos para ajudar. Em meio minuto tinham posto o carro de volta à sua posição original e as pessoas que iam lá dentro estavam bem.

Nunca na minha vida vi nada assim. Todas estas pessoas largaram tudo o que estavam a fazer para ir ajudar alguém. Surpreendeu-me imenso e acho que na Europa seria difícil ver tanto altruísmo e entreajuda. O aparato todo não durou muito mais do que 5 minutos, mas é uma imagem que ficou bem gravada na minha memória.

As histórias de Shiraz continuam aqui!

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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