Como já disse nalguns posts, voar não é a minha cena e se a alternativa ao avião me parecer plausível, normalmente escolho essa opção. Foi o que aconteceu quando tive de voltar de Bucareste para Istambul. O autocarro deixou de ser uma opção a partir do momento em que partia às 4:30 da manhã (whyyyy???) portanto a alternativa seria o comboio. Eu adoro andar de comboio, por isso achei que aguentava na boa uma longa viagem até porque podia ler e dormir.
Mas é sempre interessante quando se compra um bilhete na estação de comboio com hora de partida e sem hora de chegada, onde ao balcão ninguém sabe se haverá mudanças de comboio ou de linha na Bulgária e onde também não sabem se o percurso vai ser de só de comboio ou se tem autocarros pelo meio. Mas pronto, havia de lá chegar.
Sendo uma pessoa que está acostumada a viajar, já devia saber que duas coisas indispensáveis para uma viagem longa são água e comida. E supostamente eu sabia isso. Até ao momento que, já dentro do comboio, percebi que a água que tinha comprado era água com gás (que eu simplesmente não consigo beber) e que o bolo gigantesco que tinha comprado como mantimentos tinha um cheiro e um sabor que me punha instantaneamente maldisposta. Perfeito. Acabei por fazer uma viagem de 19 horas, sim, o comboio saiu às 13 e cheguei a Istambul às 7 da manhã, com um copo de água e sem comer nada.
A viagem em si não foi muito má tirando o facto de o comboio estar parado no meio da Bulgária durante uma hora ou mais e não haver vivalma na minha carruagem sem ser um irlandês e uma australiana que felizmente me fizeram companhia.
Pelas 3 da manhã chegámos à fronteira com a Turquia. Íamos apanhar um autocarro até Istambul. Acho que nunca fiquei tão contente com a perspectiva de andar de autocarro. A razão era simples, todas as companhias de autocarros na Turquia dão água aos passageiros. E foi assim que consegui o meu copinho de água às 3 da manhã. Acredita, soube-me pela vida, a essa hora já tinha passado o estado de fome, só tinha sede.
No controlo de passaporte, também aprendi de que desde que se tenha um homem à nossa espera na Turquia deixam-te passar quase sem perguntas. A minha conversa foi do género:
Entrego o resident permit.
– Are you Erasmus?
– No.
– Are you working in Turkey?
– No…
– So…
– Ah, my boyfriend is Turkish and…
– Oh, ok.
Carimbo: Check!
Não podia dizer que trabalhava porque não tinha visto de trabalho, mas esta desculpa pareceu se forte o suficiente para eu morar na Turquia.
E pronto, passadas 4 horas estava a ver o nascer do sol em Istambul. Também foi uma oportunidade de ver Istambul quase vazia (era Domingo) e para quem já lá esteve, sabe que é algo muito raro 😉
Lições (re)aprendidas? Certifiquem-se que levam água e comida decente para a viagem!!!