Já perdi a conta à quantidade de vezes que fui a Paris, mas como dizia uma alma sábia “é sempre uma boa ideia”. Acho Paris a cidade mais fascinante do mundo: é só olhar para cima, absorver a beleza de tudo e tentar não ser atropelado por uma trotineta eléctrica.
Desta vez, a minha viagem tinha uma missão: mostrar a cidade, em dois dias, ao meu namorado. Não querendo vangloriar-me, julgo que fiz um trabalho bastante decente! Os museus tiveram que ficar de lado, mas a andar 20km por dia, corremos norte e sul, este e oeste.
Pelo caminho, tirei a barriga de misérias com croissants, crepes, éclairs, macarrons e até pastéis de nata. O nosso passeio foi mais ou menos assim:
Gare du Nord à chuva
Apanhámos o Eurostar em Londres e duas horas e meia depois chegámos a Paris debaixo de uma chuva torrencial de boas vindas. Antes de começarmos a explorar, fomos deixar as mochilas no nosso Airbnb que ficava numa rua com vista para a Sacré Coeur; senti-me em casa.
Já com as apresentações feitas ao host meio francês, meio italiano, decidi começar por um lugar coberto, as Galerias Lafayette, que são um dos armazéns mais bonitos do mundo.
Assim que a chuva deu tréguas começámos a contar quilómetros. Ópera, Louvre (que tinha uma fila de três horas) e o rio Sena foram algumas das primeiras paragens.
Take me to church please!
Um dos sítios que queria muito voltar a ver era a Sainte Chapelle. Tivemos a sorte de não apanhar bicha na segurança e para além disso pessoas com menos de 26 anos não pagam E podem saltar a fila dos bilhetes.
Assim que entrei na capela superior (e esta foi a minha terceira visita) pensei “se há um lugar capaz de converter ateus em crentes é este”. As cores, o detalhe, a luz, o ambiente… tudo é divino.
Depois do fogo
Tenho boas notícias: Notre Dame não está assim com tão mau aspecto. A parte da frente está como era e é quando vemos a parte de trás, que nos apercebemos que falta ali um telhado. Muito sinceramente estava à espera de pior. Claro que vai demorar a reconstruir, mas ao menos não está perdida. Quando fui todo o perímetro à volta estava fechado.
Ruas, ruelas e canais
No Quartier Latin encontram-se algumas das minhas ruas preferidas e uma das livrarias mais giras do mundo: a Shakespeare & Co.
Entretanto fomos ter com uma amiga francesa que conheci no Japão e fizemos uma rápida incursão pelo bairro “Le Marais”, passando pela Rue des Barres, Rue François Miron, Rue de Rivoli, Les Halles e Saint Denis. Se por esta altura já tiveres tanta fome quanto eu, podes parar no Le Pain Quotidien para um éclair dos céus.
Agora que o tempo nos sorria, decidimos ir apanhar sol para o Canal Saint Martin, que tem uns supermercados muito convenientes na zona com cervejas fresquinhas.
Montmartre ao pôr-do-sol
Como claramente ainda não tínhamos andado o suficiente, achei por bem terminar este longo dia no topo de Paris. Montmartre tem um carisma completamente imbatível, é o meu bairro preferido em Paris, principalmente porque depois de subir uma imensidão de escadas para lá chegar, sinto sempre que mereço um crepe de chocolate!
Para além de ter uma das melhores vistas sobre a cidade e uma igreja muito icónica, as ruas aos altos e baixos com casas pequeninas são um mimo.
Agora sim, estava na altura de descansar. Pernas: 1; Transportes: 0.
Cumprindo as obrigações e não só
Acordei com um destino em mente: a padaria ali do bairro. A vida torna-se complicada quando se entra numa boulangerie francesa, tudo parece querer entrar na minha barriga. Após alguma ponderação, escolho um croissant simples e um bolo/crumble de frutos do bosque e sou uma mulher feliz, pronta para me fazer ao caminho.
A andar, fomos até ao Centro Pompidou e a uma das fontes mais engraçadas do mundo, Fontaine Stravinsky, que visitei pela primeira vez aos seis ou sete anos. Voltámos a percorrer o Le Marais, desta vez pelas ruas mais pequenas, como a Rue des Rosiers e a Rue Saint-Antoine até que chegamos à cinematográfica Place des Vosges.
Segue-se a Place de la Bastille, o Jardin des Plantes e finalmente um lugar que queria muito conhecer apesar de só saber há pouco tempo que existe: a Grande Mosquée de Paris.
Foi a primeira mesquita que visitei onde não tive que me tapar (sucesso!), só custa três euros e tem um jardim lindo e colorido que serve de musa para pintores amadores.
A partir daqui foi só atracções turísticas típicas. Entrámos no Panteão (que também é grátis), descansámos no Jardin du Luxembourg, seguimos pelo Cour du Commerce Saint André, fizemos uma paragem técnica na Ladurée para abastecer de macarrons, atravessámos a Pont des Arts, corremos o Jardin des Tuileries, a Place de la Concorde e quando estávamos prestes a sucumbir, parámos para almoçar no Pomme de Pain dos Champs Elysées.
Por causa dos coletes amarelos, que ainda estão muito activos, os Champs Elysées estavam interditos ao trânsito e foi a primeira vez que andei pelo meio daquela estrada a pé.
Claro que ainda nos faltavam dois dos lugares mais famosos de Paris, o Arc du Triomphe e a Torre Eiffel. Por esta altura os nossos pezinhos já se estavam a desfazer e a caminhada entre o Arco e o Trocadero foi a estocada final. Aqui enfrentámos a dura realidade de ter de apanhar o metro de volta para casa. Pernas: 1; Transportes: 1
Au Revoir
Com tantas andanças, o final do dia pedia um copito de vinho numa esplanada perto da Place de la République na companhia de amigos de Erasmus e de viagem. No dia seguinte, já só nos restavam umas horas e passámo-las a vadiar por Montmartre, como é óbvio <3
Paris, até à próxima.
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