Monsaraz é um regresso ao passado não só por fazer parte de algumas das minhas mais antigas memórias de infância, mas por que ao passar o arco medieval que dá acesso à vila no interior das muralhas somos imediatamente transportados para uma era diferente.
Uma era de casinhas caiadas com portas demasiado pequenas para os humanos de hoje e ruas de xisto para contrastar. Mas o que nos levava sempre a Monsaraz na altura do Natal era o seu presépio.
A cada esquina há uma figura de cerâmica, vestida a rigor a representar o seu papel. Os guardas do castelo, a lavadeira, o oleiro e até as ovelhas e os camelos dos Reis Magos fazem parte. Todos seguem a Estrela de Belém que se ergue bem alta na Torre de Menagem do Castelo de Monsaraz.
Já com dezenas de fotografias de portas, janelas, igrejas, buganvílias e até cães rafeiros no cartão SD também nós chegamos à Torre. E lá estava a razão que justifica a quantidade de vezes que já visitámos Monsaraz: a maravilhosa vista sobre o Alqueva e as planícies alentejanas. Um quadro perfeito!
Pela primeira vez demos um saltinho ao outro lado da aldeia, já fora do perímetro das muralhas, para uma vista diferente que inclui o castelo e a torre da Igreja da Nossa Senhora da Lagoa que é tão bonita por dentro como por fora.
Claro que uma visita ao Alentejo nunca estaria completa sem um grande almoço e o nosso estava reservado para o Café Alentejo em Évora. Galo estufado com cogumelos, bacalhau com broa, ovos com farinheira e o golpe final da Sericaia… Nada bate estes sabores.
Apesar de já ter perdido a conta às vezes que visitei Monsaraz, esta aldeia parada no tempo continua a ser um dos meus pedacinhos preferidos de Portugal.