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Malásia

Sabah, Bornéu: o lado mais selvagem do Sudoeste Asiático

A minha primeira impressão do Bornéu não foi a melhor. Acabadinha de aterrar em Kota Kinabalu, vou até ao centro da cidade e deparo-me com um local muito cinzento e desinteressante. Sigo até à marginal, e em 10 minutos estou no fim do passeio. Algures pelo caminho dizem-me que andar por ali sozinha é perigoso e começo a sentir os olhares pouco habituados a turistas ocidentais. Tinha-me claramente esquecido que já não estava na Tailândia ou Malásia continental.

No último dia da minha estadia em Sabah, estava a conversar com uma amiga no hostel e a nossa conclusão sobre esta parte da Malásia foi a mesma. As cidades não são particularmente agradáveis, mas a natureza compensa tudo. Por isso o meu conselho é: vai! Se gostas de natureza e de ver animais no seu habitat natural e o que ainda resta de uma floresta tropical com milhares de anos, o Bornéu é sem dúvida um destino a ter em conta, principalmente se estiveres pelo sudoeste asiático. Creio que não se pode comparar a África ou à Amazónia, mas também é muito mais acessível.

Fica aqui a minha proposta de roteiro, adaptada à minha experiência:

Kota Kinabalu ou Sandakan (0 dias):

estas são as duas maiores cidades de Sabah e o mais certo é que aterres num destes aeroportos. O meu conselho é que não passes tempo algum em nenhuma delas e que sigas directamente para um dos parques naturais à volta. Kota Kinabalu tem ilhas engraçadas, mas nada que valha a pena parar para ver.

Mount Kinabalu National Park (2-3 dias):

é aqui que jaz a floresta mais antiga do Bornéu. A subida ao Mount Kinabalu é mundialmente conhecida, e muitas pessoas vão até Sabah pura e exclusivamente para esse efeito. Adorava tê-la feito, mas só é possível com guia e o custo são cerca de 300€. Existe uma alternativa a este preço. O Jungle Jack Backpackers, um hostel que trabalha com as desistências do parque, consegue arranjar entradas a um preço mais baixo e à última da hora. Convém ter alguma flexibilidade porque as desistências não são certas. De qualquer forma, pelo que ouvi, o parque natural vale a pena mesmo sem a subida ao monte pela sua floresta tropical e fauna e flora únicas.

Sepilok Orangutan Rehabilitation Center (2 dias pelo hostel): Talvez o segundo local mais famoso da ilha. Depois da intensa desflorestação que destruiu milhares de kilometros de floresta tropical para dar lugar a palmeiras – óleo de palma – , a população de orangotangos no Bornéu viu-se quase extinta e desalojada. Em Sepilok, criou-se um refúgio para estes animais onde tratam deles e ensinam-lhes formas de sobrevivência. O centro é visitáveis durante 4 horas por dia (duas de manhã e duas à tarde). Na minha opinião parecia-se demasiado com um jardim zoológico por causa dos feeding times. O melhor momento foi quando vi dois orangotangos a passearem-se livremente pelos estrados de madeira destinados às pessoas. Estavam tão perto! E são tão estranhamente parecidos ao ser humano!Por isso, foi uma óptima experiência, só não tenhas a expectativa de que vai ser uma experiência 100% selvagem.

Em Sepilok encontrei potencialmente o melhor hostel da minha vida: o Forest Edge Resort. Pequeno almoço incluído, restaurante delicioso, quartos limpos com casa de banho incluída. Tudo por 8€ por noite…

Kinabatangan River (2 dias): Um dos meus dias preferidos no Bornéu foi quando fiz um Safari River Cruise no rio Kinabatangan (nome um bocado impronunciável). Marquei o meu através do meu hostel em Sepilok e acho que se estás a pensar fazê-lo durante só uma tarde não interessa muito com que empresa vais fazê-lo. Mas se estiveres a pensar fazer o River Cruise e Jungle Trekking – não fiz porque não tinha tempo – aconselho o River Junkie.

Porque é que foi uma das experiências preferidas? Porque conseguimos ver uma manada de elefantes no seu habitat natural! Foi simplesmente mágico.

Nada no safari é garantido. Os animais andam livremente pela selva e se os virmos vemos, se não paciência. Nós tivemos sorte de ver orangotangos, macacos narigudos (não sei o nome técnico!), mais macacos que não faço ideia da espécie, lagartos e os tais elefantes, claro. Tivemos uma sorte incrível porque não eram avistados há dois ou três meses.


Semporna & Sipadan (3-4 dias):
Uma das capitais de mergulho do mundo. Se gostas de mergulhar ou até de só fazer snorkeling, Semporna é um sítio incontornável. A vida marinha é abundante entre corais, peixes, tartarugas e outras coisas que não sei bem qualificar. Fiz todos os meus mergulhos através da Scuba Junkie e posso recomendar, são cinco estrelas. Um dia de mergulho incluí três mergulhos, almoço, equipamento e guia (um guia por duas ou três pessos). Um dia de mergulho custa 50€, isto em Semporna. Em Sipadan, que está classificado com um dos melhores locais do mundo para mergulhar, os preços são mais altos, mas aí já não recomendo a Scuba Junkie porque eles não fazem viagens só de um dia a Sipadan e os preços ficam um bocado ridículos. Em Sipadan é garantido que vês tubarões, mantas, barracudas, tartarugas… Tudo, praticamente.

A Scuba Junkie tem alojamento low cost em Semporna (6€ por noite) num hostel bem jeitoso. A melhor parte era o restaurante ao lado com rotis de outro mundo e sumos. Comia no mínimo dois por dia… Ficou-me a faltar a visita à ilha Bohey Dulang que adorava ter tido tempo para visitar. Fica para a próxima 😉

Mabul
Ship Wreck
Coral Garden


Dicas rápidas

Transporte – autocarro: Tendo em conta o número de estradas do Bornéu (prai uma) as alternativas de transporte são o avião e os autocarros. Os autocarros funcionam bem e em época baixa e sem feriados nunca enchem. Os autocarros a partir de Kota Kinabalu podem ser marcados pela internet no site easybook.com. Que foi onde marquei o meu até Semporna (70 RM). A viagem de 10 horas faz-se bem se fores mais inteligente que eu e levares um casaco em vez de te teres que enrolara numa bola no teu lugar como eu…

Os outros bilhetes marquei nas estações de autocarro (Semporna – Quase Sepilok = 40 RM). Se não vai para o destino final do autocarro é melhor relembrares esse facto ao staff. Eles vão saber para onde te mandar. Para ir para Sepilok deixaram-me num cruzamento na estrada e depois tive que apanhar um autocarro local até outro cruzamento e depois um taxi até ao hostel. O que vale é que é tudo baratíssimo e eles não se aproveitam dos turistas para fazer preços loucos. Tem simplesmente em conta que tudo demora mais tempo do que estás à espera. Mas as pessoas são super queridas. Exemplo: quando cheguei às 5.30 da manhã a Semporna e não fazia ideia onde estava (era a única turista) um dos rapazes do staff pergunta-me para onde vou e leva-me de carro até ao hostel e espera comigo até que me abram a porta.

Transporte – avião: Com a Air Asia os voos no Bornéu são muitas vezes uma alternativa mais viável do que os autocarros. Há voos domésticos a começar nos 10/12 euros e são tão rápidos que até eu que odeio de voar tenho que reconhecer a sua utilidade. Para o aeroporto de Kota Kinabalu existe um shuttle barato. De Sandakan para o aeroporto a melhor opção é o taxi, principalmente se conseguires dividir.

Uber e Grab: Antes de tentares encontrar um táxi tenta encontrar um carro com estas aplicações. Podem poupar-te muito dinheiro. Exemplo: do centro de Kota Kinabalu à estação de autocarros disseram-me no hostel de eram 30 RM. Com a Uber paguei 10…

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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